Matriz de toda instabilidade, encarna a dança da calunga, caronte e sua barca, o boi que se da às piranhas. Presente em cada segundo da travessia, redemunho que arranca, um a um, os nossos apegos.
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A morte limpa o degenerado, transforma o que era sólido demais em possibilidades de nova criação. Pura renovação, aquele que não se ajoelha a ela, está condenado ao tédio. Sucumbe.
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Sem o fim de algo não há atualizações possíveis. A alma é então condenada à degradação. Seca, cega e apodrece mesquinha.
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É a morte que permite à primavera florescer. Memórias e histórias gravadas no pó da terra, na farinha dos ossos. Matéria prima qualificada que permite a molda da nova experiência.Todas alimentando a vida, sua irmã siamesa.
À velha, não escapam nem os reis e as rainhas. Ela iguala a todos. Senhora generosa, não deixa ninguém de fora da sua purificação: física ou simbólica.
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Perfeita em seus movimentos, inalcançável na sua humildade e precisa em sua generosidade, ela ganhará de você. Aprenda com ela, esta é a única condição.
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Elegante, nua, com sua foice alfange, nos mergulhará no oceano abissal e sorrirá pelo canto da boca, em paz!
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Sem espaço, sem respiro, sem sacudimento, não há renovação.
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Aceite-a. Silêncio absoluto!!!
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Ou você jamais compreenderá a grandeza de Deus!
Por Nara Shakira Surya